Cerca de cem mil pessoas e 5.600 organizações participaram ontem da Marcha de Abertura do Fórum Social Mundial 2009, que teve início na praça Pedro Teixeira (Escadinha), ao lado da Estação das Docas.
A caminhada foi o espaço de manifestação de todas as organizações, que a fizeram com bastante criatividade, bom humor e de modo pacifista. Lutas e demandas diversas estavam estampadas em camisetas, faixas e cartazes. Ouviam-se batucadas, gritos de ordem, tambores indígenas. O que se viu foi uma mostra da enorme diversidade e, mais, do respeito a pluralidade dividido por todos nesse FSM.
Entretanto, o espírito da marcha foi quebrado por algumas “barreiras” que nos reservava o caminho.
A primeira delas foi a forte segurança em frente ao Grupo Liberal (grupo de comunicação paraense filiado à Rede Globo). Um cinturão de policiais armados e com cachorros farejadores faziam a segurança enquanto a multidão passava. Atitude repetida também em frente a lanchonete McDonalds.
Outro anticlimax da Marcha foi a falta de planejamento da Polícia do Pará, que não desviou o tráfego das avenidas que perpendiculares ao trajeto, o que fazia com que a caminhada “quebrasse” por conta de carros passando no meio das pessoas, o que as expunha ao risco de atropelamento. Além disso, evidenciou-se que parte da população paraense condutora de automóveis tem pouco ou nenhum respeito aos pedrestes e ciclistas.
Estas “aberrações”, devem ser instrumento de nossa reflexão. Por que os bastiões do capital devem sempre resguardar o seu direito de uso da polícia? Porque a individulidade dos carros devem suprimir a coletividade dos caminhantes? Deve ser porque somente atrav27012009502és do uso dos aparatos de violência legitimada é que se pode manter estas estruturas conservadoras de poder. Num cenário de construção plural e coletiva como é o Fórum Social Mundial, devemos levantar o debate se o Fórum também não poderia ser um mecanismo de enfrentamento direto de combate a estas contradições latentes no território do FSM.
Claro, sem dúvida está não é uma reflexão que devemos buscar respostas imediatas, mas pautar esta discussão é nosso dever enquanto movimentos organizados que compõem o Fórum.