Foi encerrado ontem o IV Fórum Social das Américas com o pronunciamento dos presidentes Evo Morales, Bolívia; Pepe Mujica, Uruguai e Fernando Lugo, Paraguai. O evento foi marcado por um protocolo bem sistematizado, ao contrário do pronunciamento rápido de Fernando Lugo no dia anterior do evento.
Sobre esse Fórum Social das Américas, percebi que existe uma coesão muito forte dos movimentos sociais ligados a luta pela terra, tanto pela redistribuição destas, quanto pela garantia do estabelecimento de um regime natural de desenvolvimento da vida, eliminando as sementes transgênicas e qualquer outra tecnologia que possa por em risco a vida e a natural reprodução destas.
O foco nesse tema estão muito ligadas as consequências da rodada do meio ambiente e mudanças climáticas de Copenhagen. Com a justificativa de que as grandes nações não conseguiram resolver os problemas relacionados as mudanças climáticas, foi instalada em Cochabamba, em abril, a Conferência Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra. Esta conferência tirou resoluções e demandas para frear as mudanças climáticas em marcha e garantir o direito a vida no planeta. Entre as demandas, foi estabelecido o limite de aquecimento máximo da temperatura do planeta a um grau centígrado, contra os dois estabelecidos pelo protocolo de Kyoto. Este que terminará sua roda de ações em 2012 com quase nenhuma resolução cumprida por parte dos países signatários. O Fórum Social das Américas, foi um instrumento dos movimentos sociais ligados a esse tema, para relembrar essas resoluções e cobrar sua aplicação por parte dos Estados.
Os presidentes presentes no ato de encerramento do Fórum, referendaram essas demandas com relação a providências sobre as mudanças climáticas e o direito a sua auto determinação dos povos. Pepe Mujica, do Uruguai, afirmou que o “modo de viver entre os povos é distinto e tem que ser respeito na sua individualidade. A sua diversidade é que produz o todo em que vivemos”.
Evo Morales, da Bolívia, afirmou que os países ricos não conseguiram resolver os problemas climáticos do planeta e que cabe aos povos originários da terra a pensar essa nova forma de viver no planeta nesse novo paradigma climático. “Eles terão que perguntar a gente como resolver o problemas ambientais que eles nos colocaram”, afirmou ao falar para a plenária reunida no estádio polidesportivo de Assunção, com público diversificado em inúmeras etnias representadas.
Por fim, Fernando Lugo reafirmou o tema já definido aqui, mas também falou sobre realizações de seu governo. “Agora estamos aprendendo a viver num novo Paraguai”, afirmou enquanto falava das realizações do seu governo, iniciado há dois anos. Para ele, a América Latina vive uma transformação sem precedentes com a eleição de presidentes progressistas em todo o continente. Alertou, contudo, sobre o difícil exercício de se manter as transformações em marcha frente a pressões das elites nacionais e internacionais. Lembrou, pra isso, o golpe de estado aplicado a Emanuel Zelaya, ex-presidente de Honduras. Lugo afirmou ainda que a América Latina é um terreno de paz e que não cabe mais a guerra no continente, fazendo referência a tensão entre Venezuela e Colômbia, recém acalmada com a retomada das relações diplomática entre os dois países. “Aqui estão amigos desde Venezuela e Colômbia, povos irmão, que seus países recém retomaram relações diplomáticas demonstrando que não há mais espaço para a guerra neste continente”.
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