São Paulo, 22/03/2019 – A “guerra” de hashtags envolvendo temos polêmicos é uma constante no Twitter. Nesta sexta-feira, 22, quando sindicatos e associações de trabalhadores convocaram protestos contra a reforma da Previdência, é a proposta reformista do governo o tema que divide usuários da rede social. Pelo lado dos que tentam repelir a reforma, sobe a hashtag #LutePelaSuaAposentadoria, apoiada por celebridades, influenciadores digitais e políticos de oposição. Já os defensores da reforma, como alguns deputados governistas e integrantes de movimentos liberais sobem a hashtag #EuApoioNovaPrevidencia.
O debate em torno das contas do sistema previdenciário brasileiro, no entanto, não está limitado ao Brasil. Curiosamente, na tarde de hoje, a hashtag EuApoioNovaPrevidencia estava entre os assuntos mais comentados no Twitter de países como o pequenino Barein, no Golfo Pérsico, e a Bielorrússia, vizinha da Ucrânia e da Letônia, entre outros. O estranho movimento já aconteceu outras vezes, como em janeiro deste ano, quando a hashtag FlavioPresidente alcançou destaque no Twitter de Malásia, Cingapura e, outra vez, Bielorrúsia.
Segundo o coordenador de projetos do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS Rio) Marco Konopacki, uma explicação provável para o fenômeno está na presença de empresas que oferecem impulsionamento de hashtags. Muitas destas companhias estão sediadas em países asiáticos e do Leste Europeu em que as leis de proteção a dados pessoais na internet são frágeis. “Esses serviços não podem ser considerados ilegais porque são oferecidos em ambientes pouco regulados. Basta que interessados em pautas específicas tenham recursos econômicos para contratar esses serviços e ativem gatilhos que geram interações nas redes sociais”, explica o pesquisador.
Marco ressalta que é simplista e impreciso atribuir a tais serviços a responsabilidade pela popularidade de determinados temas. “Esses serviços servem muitas vezes como uma espécie de faísca para dar impulsionamento. Não se pode dizer que não há lastro social para essas pautas, pelo contrário, há um alto grau de engajamento da sociedade brasileira, que utiliza redes sociais para discussões de pautas políticas”, detalha. Ele ainda esclarece que é um erro atribuir a robôs a escalada de hashtags como a que apoia a reforma da Previdência: “pode-se dizer que há uma atuação híbrida, mesclando robôs e seres humanos”. (Gregory Prudenciano – [email protected])
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